sexta-feira, 12 de março de 2010

As Duas Faces do Vinho

O lado do consumidor de vinho, do enófilo, o nosso lado, bebe e aprecia as virtudes e defeitos do vinho. Tem de levar em conta naturalmente seu preço, a relação custo/benefício, do vinho do dia-a-dia e do vinho para as ocasiões especiais. Como as preferências, o paladar, as circunstâncias e as posses variam bastante, as possibilidades de escolha do vinho são praticamente infinitas.

Já do outro lado do balcão, do produtor, do importador ou do distribuidor desses mesmos vinhos, dos correntes aos vinhos-de-sonho, a perspectiva é outra.
Historicamente houve um tempo em que se dizia que a maior virtude do vinho nacional era o preço do importado. Os tempos mudaram. Sem falar em qualidade, mesmo porque o gosto é pessoal, temos hoje no mercado vinhos nacionais e importados, caros e baratos. Com o tempo parte expressiva de nossos produtores chegou à conclusão que o bom vinho importado é aliado do vinho nacional, sendo seus “inimigos” na realidade o vinho de preço aviltado, o baixo consumo e o contrabando.

Essa visão do setor proporcionou progressos importantes, como a redução do IPI para os vinhos espumantes, a desoneração dos insumos da produção (rolhas, cápsulas, etc.), o leilão de estoques excedentes e até a aprovação da mudança da taxação ad-valorem para um valor fixo por garrafa, ad-rem. Em outras palavras, o bom senso favoreceu o vinho nacional, desonerando-o, o que é diferente de procurar onerar o importado, em um país onde o consumo do vinho é pífio, também pela alta tributação que sobre ele incide.
Os recentes movimentos de revindicação do setor têm se apoiado em argumentos discutíveis. Para sensibilizar a opinião pública e a classe política, alega-se que o vinho nacional representa apenas 20% do mercado, o que não corresponde aos fatos. Na realidade a participação nacional é de 85%, dos quais 80% (do total), são de vinhos comuns, de variedades americanas e apenas 5% de vinhos finos, de viníferas. Assim , de nosso consumo anual médio per capita, de 2 litros, 85% (1,7 l) é de “vinho brasileiro”. O argumento de que mais de 20 mil famílias se dedicam a vitivinicultura desses 20% da produção também não procede. A grande parte da produção de vinhos finos nacionais está em mãos de poucas empresas maiores (quatro principalmente: Miolo, Salton, Aurora e Valduga), que, mecanizadas e automatizadas, empregam relativamente pouco pessoal.

Com a consciência de seu poder e influência e com a circunstância de terem no momento aliados conterrâneos em Brasília, o setor de vinhateiros pretende agora tentar convencer as autoridades com base em premissas falsas, recorrendo à “lei de Gerson”. Setores do setor produtor nacional procuram emplacar argumentos falsos na tentativa de convencer os ministros Tarso Genro e a toda poderosa Dilma Roussef além do líder do governo na Câmara, Henrique Fontana. Como no passado, é preciso ter em conta que, dependendo do que se pretende, o resultado pode vir a ser um “tiro no pé”. Consideremos algumas dessas pretensões:

Imposto de Importação – Aumentar o imposto de importação (II) não é a solução. Com a adoção do ad-rem em lugar do ad-valorem (27%), de valor médio atual de 3 dólares por litro, o imposto correto seria de 0,80 de dólar por litro (27% de 3 dólares), o que faria o vinho mais barato pagar mais imposto, enquanto o mais caro pagaria relativamente menos. Ocorre que após a adoção do ad-rem, pretendem os produtores aumentá-lo para 5 reais (mais de 2.2 dólares ao cambio atual), por garrafa.

Se considerarmos que um vinho que custe hoje R$ 2 CIF, paga 0,54 de dólar de II (Imposto de Importação), passaria a pagar com o aumento, 2,25 (3x0,75) reais, ou seja, quatro vezes mais do que paga hoje. Levando-se em conta a recente valorização do dólar (de cerca de 50%), conclui-se que aceita essa proposta, esse vinho barato, que concorre com o nacional, passaria a pagar seis vezes mais de II, do que pagava há alguns meses, o que convenhamos é uma ótima “proteção” ao vinho nacional. Ainda assim, nossos produtores pretendem mais. Como alternativa à adoção do ad-rem, deseja-se o aumento do ad-valorem de 27% para 55%, o que seria o fim do bom vinho no país. Será um enorme incentivo para consumo de outras bebidas, isto sim.
Sérgio de Paula Santos
É médico e crítico de vinhos.
Membro-Fundador da Federação Internacional dos Jornalistas e Escritores do Vinho (Fijev), é autor de livros sobre vinhos, o último dos quais, Memórias de Adega e Cozinha, Senac, São Paulo, 2007. Fonte:

domingo, 27 de dezembro de 2009

Como surgiu o vinho do Porto?

Foi no século 17, quando os britânicos começaram a importar grandes quantidades de vinho português. Para que a bebida resistisse às longas viagens marítimas, os comerciantes ingleses acrescentavam aguardente nos barris. Os marinheiros logo perceberam que, além de conservar o vinho por mais tempo, a adição de álcool também realçava o sabor da bebida (e aumentava seu poder de embriaguez!) e acabaram criando, sem querer, a fórmula do vinho do Porto. Hoje, mesmo sem a ajuda dos cachaceiros, digo, marinheiros, a bebida continua recebendo doses de aguardente durante a sua fabricação.
 
Para garantir o monopólio sobre a receita, em 1914, o governo português assinou com a Inglaterra um contrato determinando que o vinho do Porto só pode ser produzido com uvas da região do Vale do Rio Douro, nordeste de Portugal. "Para manter a qualidade da bebida, proibimos o uso de uvas de quaisquer outras regiões", afirma Carlos Soares, do Instituto do Vinho do Porto, órgão que supervisiona a produção do vinho. Fonte www.tutomania.com.br






quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Carmenère


Origem

Uva tinta de alta qualidade, variedade da uva cabernet, originária de Bordeaux (Fr.), mas hoje naturalizada chilena. Originalmente, era conhecida no séc. XVIII como "grand vidure" (e a cabernet franc como "vidure"), mas essa designação sumiu. Produz ótimos vinhos varietais, com muita estrutura e sabor marcante. Permite envelhecimento para os vinhos bem elaborados. Devido a sua potência, não deve ser utilizada em vinhos de consumo imediato, pois antes de 3-4 anos os vinhos estarão desequilibrados devido à acidez e aos taninos agressivos. Devido á sua recente redescorta (meados década de 90) no Chile, não há hoje vinhos Carmenère de mais de 8 anos, mas é uma uva com grande potencial para guarda de 10, 20 anos, ou até mais.


Regiões de produção

Hoje pode-se dizer que a Carmenère é uma uva chilena, e lá encontra sua plena expressão, mas aparece também na California e na Argentina. Os vinhos são via-de-regra varietais, mas podem aparecer combinados com cabernet sauvignon, ou mesmo shiraz. Alguns Tops chilenos usam Carmenère em seu corte.


Características dos Vinhos

O vinho carmenère é saboroso e encorpado, um pouco mais tânico que a cabernet sauvignon, e menos ácido que a cabernet franc, com um nítido e delicado amargor secundário. Tem coloração rubi violácea acentuada. Suas boas caracteristicas só aparecem depois de alguns anos; sendo assim, vinhos carmenère de menos de 3 anos são completamente desequilibrados, com elevada acidez e taninos agressivos (adstringente).


Harmonização
Carnes vermelhas, feijoada (é isso mesmo), e assados. Não deve ser utilizada para acompanhar pratos com molho de tomate, ou pratos leves e saladas. Uma boa pedida para o "fondue" bourgignone (carne).Fonte: www.academiadovinho.com.br

Carignan


Origem

Uva tinta da região sul e sudeste da França, utilizada nos vinhos do Languedoc e da Provence. Na Espanha é conhecida como Cariñena, e utilizada nos vinhos da Catalunia. Normalmente aparece em combinação com outras.


Regiões de produção
Tem boa presença em Penedés, Catalunia. Mais expressiva no sul da França, onde participa do famoso Chateauneuf-du-Pape, na região sul do Rhône, próximo a Avignon. É utilizada em geral com a grenache (garnacha) e a monastrell (mourvédre).




Características dos Vinhos
os vinhos espanhóis com elevado conteudo de garnacha tem bom corpo, aromas frutados, bom alcool, acidez mediana e cor rubi vivo e intenso. Os aromas permanecem no paladar, marcando boa presença de frutas maduras, e os que passaram por madeira, os toques caracteristicos de tabaco aromático cravo, uma raspa de canela e baunilha.


Harmonização

vai bem com caça e aves assadas (frango não!), batatas souté, panache legumes, presunto assado com cravo e mel (pro Natal), castanhas, souflés, queijos meia-cura. Fonte: www.academiadovinho.com.br

Cabernet Sauvignon


Origem
Uva tinta de ótima qualidade, originalmente proveniente de Bordeaux (França). A casta cabernet sauvignon é considerada a rainha das uvas, pela longa e consistente história de mais de 200 anos, e pelo alto equilíbrio, robustez e desempenho dos vinhos produzidos não só na sua origem, mas em todas as partes do mundo. A Cabernet Sauvignon é de fato uma uva híbrida, "inventada" no séc. XVIII, a partir de um cruzamento bem sucedido da cabernet franc (cabernet) com a sauvignon blanc (sauvignon); na verdade a designação sauvignon rouge ainda existe na França; quase desapareceu no séc. XIX com a praga filoxera. Hoje é utilizada não só na composição de vinhos Bordeaux (q.v.), tanto os genéricos como os famosos "châteaux" específicos, mas é também responsável por bons varietais, robustos e aromáticos, com acidez equilibrada e bons taninos.

Regiões de produção
A partir de Bordeaux, espalhou-se mais para o sul da França, atravessou para Espanha, foi para Itália, atravessou o Atlantico e hoje é a uva mais plantada em todo o mundo. Sua maior expressão continua sendo nos vinhos "grand cru" de Bordeaux, em que é combinada com cabernet franc, merlot, e petit verdot. Mas tem dado o que falar na California, Chile e Austrália.

Características dos Vinhos
Os Cabernet Sauvignon mais baratos e de menos de 4 anos, não devem ser considerados, pois são uma lástima. Os bons Cabernet Sauvignon requerem um tempo de guarda no produtor, a fim de afinar os taninos agressivos, e dar corpo ao vinho. Aí sim aparece o valor da variedade, sua estrutura, seu corpo, seus aromas de cassis e ameixas pretas, tabaco, tons de cacau, baunilha; em sua cor vermelho escuro, que vai clareando ligeiramente com o passar dos anos, e assumnindo tons alaranjados ou castanhos. Vinhos maravilhosos.

Harmonização
Carnes vermelhas, goulash, strogonoff, souflés de queijo e batatas; carne seca, bem preparada, com purê de mandioca fazem uma combinação muito original com a Cabernet Sauvignon. Pode-se colocar leves toques de pimenta do reino, ou pimentões levemente ardidos, cozidos, mas nunca se usa pimentas fortes com nenhum vinho. Nunca. Fonte: http://www.academiadovinho.com.br/

Cabernet Franc


Origem

Uva tinta de ótima qualidade, originalmente proveniente de Bordeaux (França), e de cultivaçao mais antiga. A Cabernet Franc é utilizada no clássico "corte bordalês", junto a cabernet sauvignon, merlot e petit verdot. É ela a responsável pela estrutura, o esqueleto sustentador, dos grandes vinhos "grand cru" de Bordeaux (a Cabernet Sauvignon dá aroma, sabor e corpo, a Merlot dá suavidade, maciez e completa o sabor; a Petit Verdot dá um leve tempero). Os vinhos varietais da Cabernet Franc são robustos e aromáticos, embora mais tânicos e um pouco ácidos.


Regiões de produção

Apesar da forte ligação que mantém com a região de Bordeaux, a Cabernet Franc se espalhou por todo o mundo, e é usada tanto em varietais como em combinações variadas.


Características dos Vinhos

Embora possa atingir bons níveis de qualidade, a Cabernet Franc não é ideal para vinhos varietais. Mesmo assim pode produzir vinhos de bom corpo, cor rubi intensa, mas sempre com acidez acentuada. Não são vinhos para guarda.
 
Harmonização

Acompanham bem carnes leves, aves defumadas, e sopas. São uma boa opçao para sanduiches e refeiçoes rápidas. Se for acampar, leve Cabernet Franc - é o único que resiste firme. Fonte: www.academiadovinho.com.br

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Tipos de Uva: Brunello


Brunello



Origem
Excelente uva da Toscana (Itália), variedade nobre da Sangiovese, desenvolvida no condado de Montalcino e cercanias; designação do vinho com ela produzido. Tornou-se famosa pelos fabulosos vinhos (DOC e DOCG) Brunello de Montalcino. É uma casta feita para ser trabalhada em "solo", e capaz de produzir vinhos de grande longevidade. Na verdade, os vinhos de uma safra só são liberados ao mercado depois de 5 anos.


Regiões de produção
Os vinhos Brunello de Montalcino são de superior qualidade, sendo que podem chegar a ser excepcionais. A uva Brunello, fora das regiões demarcadas para ela em Montalcino, é também conhecida como Sangiovese Grosso (grande, no masculino, porque uva é vitigno, masculino), com a qual se faz o Rosso di Montalcino, inferior ao Brunello, bom para os anos ruins.


Características dos Vinhos
Um "Brunello" sempre requer ocasião e respeito. Será um vinho encorpado, vermelho escuro com tons acastanhados, com ótimo equilibrio entre álcool, acidez, e taninos suaves (macios). Não tem nenhum açucar perceptível. De acordo com o grau de envelhecimento - 8, 10, 15, 20 anos - apresentará maior complexidade aromática e gustativa.

Harmonização
Pratos nobres, de temperos sutis. Carnes e aves, cuidadosamente preparados valorizarão e realçarão suas excelentes qualidades. Um "T-bone steak" com batatas assadas, e lascas de queijo gruyère, farão com um Brunello uma refeição inesquecível. Nunca tome Brunello com tomates e temperos apimentados. Nunca desperdice um Brunello com entradas ou saladas, ou num dia quente. Prefira tomá-lo à noite. Fonte: http://www.academiadovinho.com.br

Tipos de Uva: Barbera


Barbera


Origem
Uva tinta de boa cepa, que produz ótimo vinho varietal, marcadamente no Piemonte, noroeste da Itália. O vinho é equilibrado, mas com certa acidez, que lhe caracteriza. Ainda ocupa categoria inferior aos filhos da Nebbiolo (Barolo e Barbaresco), em qualidade e preço, mas vem crescendo sua expressão nos últimos anos.


Regiões de produção

Casta bem italiana, a Barbera tem como sua região de referencia o Piemonte, embora possa ser encontrada em quase todo o norte e centro da Itália. Os principais vinhos de região demarcada (DOC) são Barbera d`Alba e Barbera d`Asti (Piemonte). Hoje estão surgindo Barberas especiais, a partir de parreiras com produção reduzida, vinificação mais controlada e mesmo envelhecimento em barrica, com ótimos resultados (e desespero dos mais tradicionalistas).


Características dos Vinhos

Bela cor rubi vivo, com boa transparência; aromas de frutas vermelhas, ervas finas, um toque de especiarias e talvez hortelã; no paladar a acidez acentuada e equilibrada dá um nítido frescor, e abre o apetite. Os vinhos italianos, por alguma razão que escapa aos mais entendidos, sempre vão melhor acompanhados de bons pratos, do que em "solo".


Harmonização

Como assinalado acima, a acidez do Barbera faz com que seja boa combinação com massas em molho de tomates frescos, queijos amarelos (gruyére itálico), carnes leves e aves. Um sanduíche de prosciutto di Parma, queijo itálico, e carpaccio de cogumelos ficará perfeito. Um vinho mais para o almoço, para Verão e Primavera. Fonte: http://www.academiadovinho.com.br

Tipos de Uva: Aragonês


Aragonês

Origem
Excelente casta portuguesa tinta, assim designada no Alentejo. Na região do Douro chama-se Tinta Roriz e na Espanha é conhecida por vários nomes conforme a região: Tempranillo, na Ribera del Duero, Tinto Fino na Rioja, Cencibel em La Mancha, Tinto del Pais na Catalunia.


Regiões de produção
Portugal, Alentejo.
Está presente em quase todos os vinhos do Alentejo, mas normalmente não aparece como varietal, combinando-se com outras castas portuguesas, como a Trincadeira e a Touriga nacional.

Características dos Vinhos
Apesar de tradicionalmente não ser utilizada na forma varietal, hoje a Aragonez (no Alentejo) e a Tinta Roriz (no Douro), estão sendo elaboradas em "solo". Os varietais de Aragonês são vinhos com intensa coloração rubi-violáceo, que evolui com os anos para o rubi acastanhado; tem bom corpo, acidez equilibrada, aromas de frutas vermelhas com toques de caramelo, que evoluem para frutas secas e tabaco. Nenhum amargor, e final de boca muito agradável. Uma excelente uva.


Harmonização
Carnes leves, cogumelos, sopas, sanduiches bem elaborados ganham novos aromas e sabores quando acompanhados de aragonês. Excelente com brie, camembert e mesmo fondue de queijo. Na cozinha portuguesa, bacalhau ao forno, com azeite, cebolas e batatas (adicionar tomates vermelhos inteiros). Fonte:

Tipos de Uva: Aligoté


Aligoté


Origem
Uva branca da Borgonha (França); apresenta-se como varietal, no Bourgogne Aligoté, um vinho branco honesto, mas que não compete com os grandes borgonhas brancos, que são feitos com a Chardonnay.


Regiões de produção
embora alguns paises do Novo Mundo adotem a Aligoté, como África do Sul e Australia, sua referencia é a Bourgogne.

Características dos Vinhos
trata-se de um branco seco, cor palha com tons citrino, e bons aromas de frutas frescas claras (maçã, pera, toque de manga); no paladar sente-se uma boa acidez, pouco açucar, e um frescor natural. Não tem longa permanencia, mas é um vinho agradável.
 
Harmonização
Como todo branco de médio corpo, acompanha bem frios leves , saladas e peixes. Vai muito bem com queijos amarelos, e mousse de salmão ou de camembert. Fonte: http://www.academiadovinho.com.br