terça-feira, 20 de outubro de 2009

Tipos de Uva: Brunello


Brunello



Origem
Excelente uva da Toscana (Itália), variedade nobre da Sangiovese, desenvolvida no condado de Montalcino e cercanias; designação do vinho com ela produzido. Tornou-se famosa pelos fabulosos vinhos (DOC e DOCG) Brunello de Montalcino. É uma casta feita para ser trabalhada em "solo", e capaz de produzir vinhos de grande longevidade. Na verdade, os vinhos de uma safra só são liberados ao mercado depois de 5 anos.


Regiões de produção
Os vinhos Brunello de Montalcino são de superior qualidade, sendo que podem chegar a ser excepcionais. A uva Brunello, fora das regiões demarcadas para ela em Montalcino, é também conhecida como Sangiovese Grosso (grande, no masculino, porque uva é vitigno, masculino), com a qual se faz o Rosso di Montalcino, inferior ao Brunello, bom para os anos ruins.


Características dos Vinhos
Um "Brunello" sempre requer ocasião e respeito. Será um vinho encorpado, vermelho escuro com tons acastanhados, com ótimo equilibrio entre álcool, acidez, e taninos suaves (macios). Não tem nenhum açucar perceptível. De acordo com o grau de envelhecimento - 8, 10, 15, 20 anos - apresentará maior complexidade aromática e gustativa.

Harmonização
Pratos nobres, de temperos sutis. Carnes e aves, cuidadosamente preparados valorizarão e realçarão suas excelentes qualidades. Um "T-bone steak" com batatas assadas, e lascas de queijo gruyère, farão com um Brunello uma refeição inesquecível. Nunca tome Brunello com tomates e temperos apimentados. Nunca desperdice um Brunello com entradas ou saladas, ou num dia quente. Prefira tomá-lo à noite. Fonte: http://www.academiadovinho.com.br

Tipos de Uva: Barbera


Barbera


Origem
Uva tinta de boa cepa, que produz ótimo vinho varietal, marcadamente no Piemonte, noroeste da Itália. O vinho é equilibrado, mas com certa acidez, que lhe caracteriza. Ainda ocupa categoria inferior aos filhos da Nebbiolo (Barolo e Barbaresco), em qualidade e preço, mas vem crescendo sua expressão nos últimos anos.


Regiões de produção

Casta bem italiana, a Barbera tem como sua região de referencia o Piemonte, embora possa ser encontrada em quase todo o norte e centro da Itália. Os principais vinhos de região demarcada (DOC) são Barbera d`Alba e Barbera d`Asti (Piemonte). Hoje estão surgindo Barberas especiais, a partir de parreiras com produção reduzida, vinificação mais controlada e mesmo envelhecimento em barrica, com ótimos resultados (e desespero dos mais tradicionalistas).


Características dos Vinhos

Bela cor rubi vivo, com boa transparência; aromas de frutas vermelhas, ervas finas, um toque de especiarias e talvez hortelã; no paladar a acidez acentuada e equilibrada dá um nítido frescor, e abre o apetite. Os vinhos italianos, por alguma razão que escapa aos mais entendidos, sempre vão melhor acompanhados de bons pratos, do que em "solo".


Harmonização

Como assinalado acima, a acidez do Barbera faz com que seja boa combinação com massas em molho de tomates frescos, queijos amarelos (gruyére itálico), carnes leves e aves. Um sanduíche de prosciutto di Parma, queijo itálico, e carpaccio de cogumelos ficará perfeito. Um vinho mais para o almoço, para Verão e Primavera. Fonte: http://www.academiadovinho.com.br

Tipos de Uva: Aragonês


Aragonês

Origem
Excelente casta portuguesa tinta, assim designada no Alentejo. Na região do Douro chama-se Tinta Roriz e na Espanha é conhecida por vários nomes conforme a região: Tempranillo, na Ribera del Duero, Tinto Fino na Rioja, Cencibel em La Mancha, Tinto del Pais na Catalunia.


Regiões de produção
Portugal, Alentejo.
Está presente em quase todos os vinhos do Alentejo, mas normalmente não aparece como varietal, combinando-se com outras castas portuguesas, como a Trincadeira e a Touriga nacional.

Características dos Vinhos
Apesar de tradicionalmente não ser utilizada na forma varietal, hoje a Aragonez (no Alentejo) e a Tinta Roriz (no Douro), estão sendo elaboradas em "solo". Os varietais de Aragonês são vinhos com intensa coloração rubi-violáceo, que evolui com os anos para o rubi acastanhado; tem bom corpo, acidez equilibrada, aromas de frutas vermelhas com toques de caramelo, que evoluem para frutas secas e tabaco. Nenhum amargor, e final de boca muito agradável. Uma excelente uva.


Harmonização
Carnes leves, cogumelos, sopas, sanduiches bem elaborados ganham novos aromas e sabores quando acompanhados de aragonês. Excelente com brie, camembert e mesmo fondue de queijo. Na cozinha portuguesa, bacalhau ao forno, com azeite, cebolas e batatas (adicionar tomates vermelhos inteiros). Fonte:

Tipos de Uva: Aligoté


Aligoté


Origem
Uva branca da Borgonha (França); apresenta-se como varietal, no Bourgogne Aligoté, um vinho branco honesto, mas que não compete com os grandes borgonhas brancos, que são feitos com a Chardonnay.


Regiões de produção
embora alguns paises do Novo Mundo adotem a Aligoté, como África do Sul e Australia, sua referencia é a Bourgogne.

Características dos Vinhos
trata-se de um branco seco, cor palha com tons citrino, e bons aromas de frutas frescas claras (maçã, pera, toque de manga); no paladar sente-se uma boa acidez, pouco açucar, e um frescor natural. Não tem longa permanencia, mas é um vinho agradável.
 
Harmonização
Como todo branco de médio corpo, acompanha bem frios leves , saladas e peixes. Vai muito bem com queijos amarelos, e mousse de salmão ou de camembert. Fonte: http://www.academiadovinho.com.br

Tipos de Uva: Alicante


Alicante


Origem

Uva tinta espanhola de superior qualidade. Também conhecida como Monastrell, em outras regioes da Espanha. Produz bons vinhos, secos e equilibrados. No sul da França, essa mesma uva é conhecida como Mourvèdre, onde produz vinhos muito bons. Não é uma uva para vinhos de guarda. Pode atingir elevada gradação alcoólica (~14,5%).


Regiões de produção
Região de Alicante, no leste da Espanha. Produz varietais de boa qualidade.


Características dos Vinhos
Vinhos de corpo médio, boa coloraçao rubi-violáceo, baixa permanencia, mas com sabor marcante de frutas vermelhas (cereja, amora, framboesa).
Harmonização
Carnes, sopas, chouriço e salame. Queijos amarelos e pães salgados.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Vinhos Suíços – Uma agradável surpresa

Cláudio da Rocha Miranda*
Fomos convidados a participar de uma degustação de vinhos suíços. Vinhos suíços?! Afinal a Suíça, com todo respeito, ao que sabemos é um país lindo, mas bom de queijos e chocolates e não de vinhos! Ledo engano. Era uma quinta-feira final de julho, no Rio de Janeiro, cujo inverno de nada lembra o clima suíço. O local, a L’Orangerie, uma delicatesse localizada no “estiloso” bairro das Laranjeiras no Rio de Janeiro à vista do Cristo Redentor. Ali participamos quase semanalmente de excelentes degustações. O responsável pela apresentação dos vinhos, José Augusto Saraiva, é o proprietário da importadora Vitis Vinífira (www.vitisvinifera.com.br).

 Fomos apenas para cumprir tabela. Afinal, certamente nada de muito promissor nos aguardava, tratando-se de vinhos suíços! Aquele país possui uma pequena extensão de vinhedos, cerca de 15 mil hectares mas um grande consumo per capita. São 40 litros por habitante/ano equivalente a um consumo anual de 300 milhões de litros/ano (51% são de vinhos brancos e 49% de tintos). Deste total, cerca de 60 % são importados. Trata-se, portanto, de um país importador de vinhos (o 10° maior do mundo). Possui, no entanto, diversas regiões produtoras.

Nossa degustação limitou-se aos vinhedos da região du Valais, região às margens do Lago Leman, no alto Rhone com mais de 50 variedades de uvas, algumas únicas no mundo, com vinhas entre 450 m e 850 m de altitude, nas encostas escavadas pelas antigas geleiras dos Alpes. Região de clima continental com noites frescas e de muito sol e calor, no verão.


Chega de informações e vamos aos vinhos. Na abertura dos trabalhos degustamos o vinho branco Fendant (Chasselas) AOC du Valais, com um corte de Fendants selecionadas e vinificadas à maneira tradicional. De aroma floral e frutado com uma estrutura agradável, assinalada pela leve presença de gás carbônico, esse vinho possui certa complexidade e uma agradável maturidade servindo para um perfeito aperitivo e combinando muito bem, com entradas, peixes e pratos com queijo. É a harmonização clássica da Raclett.

O segundo vinho branco foi a primeira grande pérola da noite. O Petite Arvine 2005 – Maître de Chais. Os aromas são típicos de grape fruit e frutas cítricas, com destaque para o abacaxi e o maracujá. Com 14% de álcool possui também, notas minerais características do terroir das Arvines de Fully. Harmoniza bem com os crustáceos, salmão defumado e peixes do mar. Possui ainda ataque final que demonstra todo o seu vigor e persistência. Laureado com 10 medalhas de ouro, 7 de prata e 2 de bronze em concursos europeus desde 2004, certamente faz jus a todas elas. Excelente.
Outro craque da noite foi o Humagne Rouge 2005. Vinho de cor vermelho rubi, de grande complexidade aromática, mesclando frutas vermelhas, violetas, aromas minerais e defumados. É amadurecido em carvalho durante 12 meses e tem 13,5% de álcool. Muito redondo e estruturado, com taninos firmes e elegantes, de guarda por cerca de 6 anos. Adorei.

Outro merecidamente “medalhado” servido na noite foi o Syrah du Valais 2005 – Maître de Chais. Com 4 medalhas de ouro, 13 de prata e 2 de bronze de concursos europeus este AOC tem 13,5% de álcool e é um produto da vinificação tradicional, com longa maceração e maturação em barricas de carvalho por 12 meses. Tem cor vermelha, forte, nariz de especiarias, lembrando o cravo e aromas apimentados. De estrutura sólida, maciça e firme acompanha todas as carnes, inclusive de caça. Vinho de longa guarda, com potencial de 15 anos. Comparável aos tintos Syrah’s de qualidade do velho mundo mas com o inigualável toque suíço.
 
Para não esquecer da noite, foi-nos servido, por último, acompanhado de uma torta "apfelstrudel" de primeira, o Marsanne blanche (Hermitage) 2004. Do produtor Nicolas Zufferey este adocicado (60 g/l) com 13,5% de álcool foi fermentado e amadurecido em barricas de carvalho. É o resultado de uvas colhidas a mão, super maduras e selecionadas individualmente. Um néctar! Desnecessário dizer que acabei comprando todos e mais um Pinot Noir, também da região, que ainda não degustei. Depois eu conto.
* Cláudio da Rocha Miranda é carioca, economista, professor da FGV e CEO de empresa de plano de saúde. Fonte: www.adegavinhos.com.br


domingo, 4 de outubro de 2009

Vinho Gosta de Sossego


Você certamente já ouviu falar que o vinho é um ser vivo que nasce, evolui e morre. Pois é verdade. Mas é possível colaborar com esse processo, cuidando para que a bebida tenha uma vida feliz, sem sobressaltos. Para isso, é fundamental saber armazear a garrafa.

Posição: a garrafa deve ser guardada na posição horizontal, para que o vinho mantenha a rolha sempre molhada, evitando seu ressacamento e a entrda de oxigênio no recipiente. O ar degrada o vinho pela oxidação.


Temperatura: quem não tem uma adega climatizada em casa deve ficar atento quanto ao local em que a garrafa será guardada. O ideal é um lugar fresco, de temperatura estável, entre 14ºC e 18ºC. Lembre-se de que local quente demais acelera a maturação do vinho, e o local frio demais (a geladeira, por exemplo) impede a evolução da bebida.


Umidade: a garrafa mantida em local muito úmido está sujeita a ter o rótulo e a rolha embolorados, e rolha embolorada estraga o vinho. Devem-se evitar também locais em que haja constante vibração.


Luz: o vinho prefere o escuro. A luz desencadeia reações químicas, degradando a bebida. Embora a garrafa escura seja uma barreira contra a luz, é mais seguro mantê-la em ambientes de baixa iluminação.


Temperatura: ajude o vinho a se mostrar:
Vinhos brancos devem ser servidos em temperatura de geladeira; vinhos tintos, em temperatura ambiente. É mais ou menos isso que se prega, mas não devemos ser tão simplista. Pense no vinho tinto durante o verão. Servi-lo em temperatura ambiente é toma-lo a mais de 30ºC - isso é quente, portanto um sacrilégio. Essa história de temperatura ambiente funciona em alguns lugares da Europa, onde o clima costuma ser ameno mesmo no verão. No Brasil, não.


Mas por que não podemos tomar vinho na temperatura que desejamos? Porque o vinho se mostra, "se abre", apresenta seus aromas quando está na temperatura adequada a seu estilo. Existe uma tabela que deve ser respeitada, o que não significa que você tenha de ficar com um termômetro ao lado toda vez que abrir uma garrafa. Para facilitar: vinhos brancos devem ser servidos mais frescos, enquanto os tintos, em temperatura um pouco abaixo da ambiente, mas não gelados.

O TEMPO ESSE GRANDE ESCULTOR...


HÁ UM LIVRO DA MARGUERITE YOURCENAR, de que eu gosto muito, que se chama “O tempo, esse grande escultor”. Lembrei-me deste título, pois poderia também aplicar-se ao envelhecimento dos melhores Vinhos do Porto.


Os Vintage e os seus irmãos, Tawnies, que envelhecem em madeira, mostram todo o seu esplendor depois de longos anos de maturação. Cada um à sua maneira: o Vintage, o irmão sossegado, fechado numa garrafa, e que pede que se esqueçam dele num local fresco e escuro por muitos anos, e os Tawnies que preferem uma vida mais agitada, em contacto com o ar através dos poros da madeira dos cascos onde se encontram, mas que também precisam de muito tempo para atingir a maturidade.


Estes vinhos são os filhos irrequietos e dão bastante mais trabalho ao seu pai, o enólogo. De tempos a tempos, ao longo da sua vida, pedem para serem mudados de vasilha para arejarem mais um pouco e não ganharem aromas desagradáveis. O pai, por seu turno, precisa de estar atento e ver se parte deste vinho não se evaporou, pois se tal tiv acontecido terá de atestar o casco com um vinho semelhante para que o longo processo de amadurecimento do Tawny continue nas melhores condições.

“Élever” é a palavra francesa para todo este processo. Uma das traduções possíveis para português é “educar”, o que acho que reflecte bem o que sucede ao vinho, bem como o trabalho feito pelo enólogo e sua equipa. Quando abrimos uma garrafa de um Tawny velho, como um Colheita, ou um Tawny com Indicação de Idade de 10, 20, 30 ou 40 anos e nos apercebemos das suas características, damos por bem empregue o tempo de quem acompanhou estes vinhos durante tantos anos.
Bento Amaral
FONTE:  Revista Blue Wine a Essência do Vinho